terça-feira, 13 de setembro de 2011

Não pare! Ou a pedagogia da consciência sobre si mesmo

[Artigo]


 Se a consciência é livre, a pessoa é consciente.



O filósofo cristão Blaise Pascal, afirmou que “o mais importante de tudo está em escolher bem”. Então, não pare. Escolha. Você está imerso numa conjuntura sistêmica que envolve rápidas e constantes mudanças. Não pare. O mundo não espera por você. O tempo urge e precisamos – todos – buscar um horizonte nosso, definido claramente em nossa razão e emoção. Amplie idéias e ideais. Sugira transformações e implemente-as. Sozinho e com outros. Juntos!  Pois tudo muda o tempo todo, conforme canta Lulu Santos... “Nada do que foi será do jeito que já foi um dia (...). Tudo muda o tempo todo no mundo (...)”.

Também na canção “Tente outra Vez” de Raul Seixas, o mesmo canta, enfaticamente: “Não pense que a cabeça agüenta se você parar”. E já que o mundo é uma constância em mutação - “Nada é permanente, a não ser a mudança”, disse Heráclito -, olhe para dentro de si mesmo. Busque o conhecimento das realidades intra e interpessoal. Procure saber sobre si e saber sobre os outros. Saber – aqui expresso – como menção a sua raiz e etimologia (saborear). Saber ser e estar.

O mesmo Pascal enfatiza: “Nossa natureza está no movimento; o inteiro repouso é a morte”. Então, não pare! Estique o coração, abra a alma... filtre os pensamentos. “Não pense que a cabeça agüenta se você parar”. Sinta a presença e a ausência dos outros e compreenda. Assuma-se diante da realidade. Seja você. Perceba os outros e encontre-os. Entenda que você não é o centro do universo. Pense nos pensamentos. Sinta os sentimentos. Pense nos sentimentos e sinta os pensamentos. Agora, ame! Sonhe. Acredite. Tenha fé em alguma coisa que se apresente como mistério de fé. Não se inferiorize. Tenha vergonha de ser medíocre. Assuma seu amor por aqueles que estão perto, no dia a dia, no cotidiano das ilusões, sabores e dissabores, medos e esperanças. Mas CUIDADO: não pare nem caia no ativismo. O ativismo é o absurdo que nasce da necessidade de fazer muitas coisas ao mesmo tempo ou consecutivas, e aparecer por causa delas. É FAZER, simplesmente. NÃO PARE equivale ao preceito EXISTA. Não caia no ativismo se equipara a dizer “Não deixe que sua vida seja apenas atividades ou ações inconscientes”. BRILHE.

Não pare. Entretanto perceba que o movimento se inicia com o repouso e este só tem sentido quando alimenta e fortalece para o AGIR. “In omnibus requiem quaesivi” (Procurai o repouso por toda parte, Eclo. 24,11). Veja que para se chegar ao repouso tem-se um movimento, uma ação com consciência: “Procurai”.

Quando se diz para não parar se afirma, em conseqüência, que se deve VIVER. Viver em função da vida, com consciência de se ser, ter, estar e saber. Pois, então, viva. Não pare. Exista na ética ontológica que se move, nos move em harmonia e em constante interação e integração com o todo universo e diverso. Veja além do óbvio e da aparência. Não use máscaras. Aproxime-se da natureza, do natural, do ambiente, da espontaneidade de existir, sendo e estando em plena sinfonia, sintonia... harmonia e equilíbrio. Apareça!

E mais: nunca esqueça de cheirar rosas, contemplar as fases da lua e o brilho do sol. Brinque com crianças e seja criança... na doçura e na confiança. Nunca deixe de abraçar, sonhar, olhar nos olhos, dizer que ama, e amar. Nunca diga “não” aos pedidos de ajuda – sempre se pode ajudar. E atenção: “Dois excessos: excluir a razão – só admitir a razão”, disse o brilhante Pascal.

Concluindo, dou ênfase a mim mesmo expondo minha filosofia: felicidade tem quem vê além do óbvio. Pois se a consciência é livre, a pessoa é consciente.

Comecei com Blaise Pascal e com o mesmo termino: “Quanto mais marcam com fraqueza a minha pessoa, mais autoridade dão à minha causa”.

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